Não se pode parar a onda, mas pode-se aprender a surfar

Há três meses, everyone.org deu um passo atrás para olhar em frenteum dia para refletir e desenvolver a nossa estratégia de arranque. Se nesse dia pedíssemos à nossa equipa para prever os três meses seguintes, ninguém teria previsto as ondas que fizemos.

A chave para ser uma startup de sucesso

A arte de ser uma startup de sucesso, ou o sucesso em geral, é frequentemente comparada à analogia cliché de "apanhar a onda". Parece inspirador e, de certa forma, alcançável, mas se nunca andou numa prancha de surf, deve saber desde já como isto pode ser notoriamente difícil:

Um novato ansioso começa por vestir o fato ao sol, na esperança de se assemelhar a Patrick Swayze em Point Break, e uma sensação de "ser" começa a tomar conta de si e a determinação de se tornar "um com a natureza". Mas quando se começa a remar, surgem as primeiras pontadas de ansiedade e medo, e todas as noções de talento heroico rapidamente se dissipam com o primeiro choque de água salgada na cara e um golpe de fibra de vidro na cabeça.

Apanhar a onda

É claro que o surf consiste em apanhar aquela onda, mas isso não é possível sem ter certas medidas em vigor, como o condicionamento, a observação e o timing. A preparação é fundamental. É preciso estar atento, saber quando atuar, saber o que funciona e o que não funciona. É também um ato de equilíbrio, colocando-nos na posição certa no momento certo, trabalhando com forças como a gravidade e a flutuabilidade, para que, se alguma força externa vier na nossa direção, estejamos em terra. Preparamo-nos para ela, observamo-la, cronometramo-la e aproveitamo-la.

É como quando Reed Hasting ficou frustrado com as taxas de atraso da Blockbuster em 1997, o que levou à criação da Netflix, transformando para sempre as nossas noites de cinema às sextas-feiras. A Uber também o fez, quando encontrar um táxi num sábado à noite era como um desafio de labirinto com controlos de tarifas desconcertantes, tal como fez a Amazon. Estas plataformas foram verdadeiras disrupções, mas não foi a sua tecnologia que acabou com a forma como fazíamos compras ou viajávamos, foi o facto de sabermos o que os clientes realmente precisavam, de estarmos preparados para um mercado em mudança e de darmos o salto na altura certa.

Mas é preciso um bom mentor para garantir que todos os preparativos estão em ordem e uma grande equipa para agir. Foi exatamente o que fizeram o nosso CEO e cofundador, Sjaak Vink, e a COO Katrin Schepp. Os últimos três meses foram de preparação, escuta, observação e posicionamento. Posicionámo-nos estrategicamente para ajudar e informar o maior número possível de doentes em todo o mundo sobre o acesso a medicamentos inovadores. E o nosso sucesso foi particularmente evidente após a aprovação do edaravone pela FDA nos EUA para o tratamento da ELA.

Chegar a todos os oceanos

Em abril, sabíamos que tínhamos um desafio pela frente: o caminho para o acesso aos medicamentos pode ser rochoso e complexo. Por isso, em pleno verão, foi mais do que apropriado passarmos o nosso segundo dia de reflexão do ano no mareveryone.org adora água). E com um grande esforço de equipa, compreendendo as correntes e posicionando-nos no lugar certo à hora certa, surfámos essa onda. Atualmente, apoiamos pedidos de mais de 100 países, entregámos com sucesso mais de 600 unidades de medicamentos, em seis continentes. Alargámos a nossa família para criar uma equipa forte e orgulhosa, cheia de competências multidisciplinares, línguas, culturas, para não falar da fusão culinária ao almoço!

Por isso, embora apanhar uma onda seja um cliché, saber o que realmente significa pode garantir os nossos esforços contínuos para ajudar os doentes em todo o mundo. Aprendemos as técnicas com sucesso, mas vamos continuar a aprender e a estar preparados para garantir que conseguimos apanhar a próxima onda, uma e outra vez, e esse é o verdadeiro desafio.

Mas, como se costuma dizer, a vida é uma onda, vai apanhá-la.